Sem uma correta compreensão da importância da família fica muito difícil nos ajustarmos a ela, quaisquer que sejam as bases desse ajuste. Além de ser o núcleo fundamental da sociedade, a família é para todos nós a primeira escola, o primeiro hospital; uma representação em escala menor da sociedade de um modo geral. Se não aprendermos a administrar nossos conflitos no seio da família, dificilmente o faremos no relacionamento interpessoal da comunidade humana.
Nunca se pode esquecer que os pais de hoje também já foram crianças e adolescentes. Foram jovens com sonhos e esperanças. Casaram-se em atendimento às suas necessidades, geram filhos e vivem como podem, fazendo o que podem. Ao notarmos seus erros de conduta ou no processo educacional adotado na família, após uma análise mais madura da situação com um mínimo de envolvimento emocional, concluiremos que somos vítimas de vítimas. Nossos pais, por sua vez, também não tiveram uma educação muito boa e, além disso, como seres humanos, trazem suas virtudes e más tendências a evidenciarem-se no convívio diário.
Ainda há muito por fazer no aperfeiçoamento da instituição familiar. Os candidatos a pais deverão pensar um pouco mais nas responsabilidades de constituir família e, enquanto filhos, procurar entender os próprios pais, reconhecendo neles seres em evolução, tendo sempre em mente que não devemos esperar a felicidade completa na Terra, apenas momentos e eventos felizes.
O presente capítulo tem por título: Família - a casa e o lar. Há alguma diferença? Sim, há muita diferença. A maioria das pessoas ligadas por laços de consangüinidade têm uma casa e não um lar. A casa é meramente a estrutura física que nos abriga das intempéries. É onde nos reunimos para fazer as refeições, repousar, providenciar os cuidados com o corpo e retomar nossos afazeres. Poucos têm um lar. O lar implica a existência de um componente afetivo que se reflete na própria psicosfera doméstica. Se costuma dizer que até os animais de estimação refletem o estado do ambiente; mansos e tranqüilos se o ambiente for extremamente saudável; inquietos e agressivos se ocorre o contrário. Deixo a seu cargo comprovar a procedência ou não desse dito popular, mas ele não é de todo ilógico.
Cabe dizer, para encerrar este capítulo, que a felicidade na Terra, com todo o seu relativismo, é conquista pessoal. É possível ser feliz dentro de certos limites. Contudo, a felicidade, qualquer que seja sua concepção, será sempre uma construção pessoal, dependente de nosso amadurecimento interior. Isso exige uma compreensão mais ampla da vida e o estabelecimento de um código de conduta compatível com nossa vivência pessoal, além de tempo. Este será o tema do último capítulo desse texto, portanto, passemos a ele.
''Sou apenas um caminhante, que perdeu o medo de se perder. Estou seguro que sou imperfeito. Podem me chamar de louco. Podem zombar das minhas ideias. Não importa!
O que importa é que sou um caminhante que vende sonhos para os passantes. Não tenho bússula nem agenda. Não tenho nada, mas tenho tudo. Sou apenas um caminhante a procura de mim mesmo.''