Adaptação do texto: “Para onde caminha a juventude” de Augusto Cury
“Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo”.
A geração passada quis dar o melhor para as crianças e os jovens da geração atual. Tiveram grandes sonhos para eles. Procuram dar os melhores brinquedos, roupas, passeios e escolas. Não querem que eles se machuquem na rua, andem na chuva, se firam com brinquedos caseiros ou que vivam a dificuldade pelas quais um dia eles passaram.
Colocam uma televisão na sala. Alguns pais com mais condição financeira colocam uma televisão em cada quarto e um computador, outros enchem seus filhos de atividades, matriculando-os em cursos e mais cursos.
Parabéns para todos eles por está bela intenção, Só que não sabiam que as crianças precisam ter infância, que necessitam inventar, correr riscos, frustar-se, ter tempo para brincar e se encantar com a vida. Não imaginam o quanto à criatividade, à felicidade, à ousadia e à segurança do adulto dependiam das matrizes da memória e da energia emocional da criança. Não compreendem que a TV, os brinquedos manufaturados, a Internet e o excesso de atividades obstruem a infância.
Criaram um mundo artificial para as crianças e hoje estão pagando um preço caríssimo por isso. Produziram serias conseqüências no território da emoção, no anfiteatro dos pensamentos e no solo da memória delas.
Esperava-se que neste século XXI (Iniciado há apenas alguns anos), os jovens fossem mais solidários, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não tem garra e projetos de vida.
Imaginavam que pelo fato de aprendermos línguas estrangeiras na escola e vivermos espremidos pela mídia, a solidão que nos assombra há vários anos (Todos os seres humanos vivem essa solidão uma vez na vida), seriam resolvidos. Mas as pessoas não aprenderam a falar de si mesmas, têm medo de se expor, vivem represados em seu próprio mundo. Augusto Cury em uma de suas palestras citou que: “Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias ou frustrações”, mas percebe-se que essa situação acontece não só em casa, mas que ela se repete também nas escolas, professores e alunos vivem durante um ano junto (diferente dos pais que vivem uma eternidade), dentro da sala de aula, mas são estranhos um para os outros, eles se escondem atrás dos livros, das apostilas, dos computadores. A culpa é dos ilustres professores? Não! A culpa, como se pode ver, é do sistema educacional doentio que se arrasta durante séculos, passando de geração para geração.
As crianças, adolescentes e jovens de hoje estão aprendendo a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas. Apreendem a resolver problemas matemáticos no Celular, no computador ou até mesmo manualmente, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais. São treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a senhora vida é cheia de contradições, as questões emocionais não podem ser calculadas, nem têm conta exata.
Os adolescentes, jovens de hoje são preparados para lidar com decepções? Não! Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O sofrimento ou constrói ou destrói o ser Humano. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria. Mas quem se importa com a sabedoria na era da informática?
A geração atual produz informações que nenhuma outra jamais conseguiu produzir, mas infelizmente não se sabe o que fazer com ela. Raramente se usa essas informações para expandir nossa qualidade de vida, “Nós nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender”.(Augusto Cury)
Aos poucos tornaram a memória da criança um banco de dados. A memória tem está função? Não! Pode-se constatar que durante séculos a memória foi usada de maneira errada pelas escolas. Existe lembrança? Inúmeros professores e psicólogos do mundo crêem sem sombra de dúvida que existe lembrança. Errado! Não existe lembrança pura do passado, o passado é sempre reconstruído! É bom ficarmos abalados por está afirmação. O passado é sempre reconstruído com micro ou macrodiferenças no presente. Essa afirmação é visível qualquer pessoal independente da idade, formação, ou ensino pode afirmar isso, o que se conta aqui mais adiante ela vai ser contada de forma bem diferente, a mesma historia, mas bem diferente do que foi dito no inicio.
É bem visível também que aos poucos se estão obstruindo a inteligência das crianças e o prazer de viver com excesso de informações que estão sendo oferecidas a elas.
A maioria das informações que aprendemos não será organizada na nossa memória e utilizada nas atividades intelectuais do cotidiano. Imagine um pedreiro que a vida toda acumulou pedras para construir uma casa. Após construí-la ele não sabe o que fazer com as pilhas de pedras que sobraram. Gastou a maior parte do seu tempo inutilmente.
O conhecimento se multiplicou e o numero de escolas se expandiu como em nenhuma outra época, mas não se está produzindo pensadores. As maiorias dos jovens, incluindo universitários, acumulam pilhas de “pedras”, mas constroem pouquíssimas idéias brilhantes. Não é à toa que estão perdendo o prazer de aprender. A escola, o ensino deixou de ser uma aventura agradável.
Paralelamente a isso, a mídia está seduzindo aos poucos este grupo, tornando se amantes do Fast Food emocional. A TV transporta as pessoas sem que elas façam esforço, para dentro de uma excitante partida esportiva, para o interior de uma aeronave, para o cerne de uma guerra, para dentro de um conflito policial e para dentro de uma emocionante cena de novela.
Esse bombardeio de estímulos não é inofensivo. Atua num fenômeno inconsciente, chamado de psicoadaptação, aumentando o limiar do prazer da vida real. Com o tempo, crianças e adolescentes perdem o prazer nos pequenos estímulos da rotina diária.
Precisam fazer muitas coisas para ter um pouco de prazer, o que gera personalidades flutuantes, instáveis, insatisfeitas. Temos uma indústria de lazer complexo. Deveria ser esta geração de jovens a mais feliz que pisou ou existiu na terra, no entanto existe ai uma geração de insatisfeitos.
Não estão educando a emoção nem estimulando o desenvolvimento das funções mais importantes da inteligência, tais como contemplar o belo, pensar antes de reagir, expor e não impor as idéias, gerenciar os pensamentos, ter espírito empreendedor. Estão informando o jovem, e não formando a sua personalidade. “Os Jovens conhecem cada vez mais o mundo em que estão, mas quase nada sobre o mundo que são”.(Augusto Cury).
Quer pior solidão que essa? O ser humano é estranho para si mesmo! A educação tornou-se seca, fria e sem tempero emocional. Os Jovens raramente sabem pedir perdão, reconhecer seus limites, se colocar no lugar dos outros. Qual é o resultado? Uma geração depressiva. Hoje a muitas crianças deprimidas e sem encanto pela vida, isso pode ser visto não só nos consultórios psicológicos, mas nas ruas basta pará uma criança e perguntar algo sobre ela, sobre sua vida, sua família, e logo vai poder constatar que a forma que ela fala não é do jeito que se esperava. Pré-adolescentes e adolescentes estão desenvolvendo obsessão, síndrome do pânico, fobias, timidez, agressividade e outros transtornos ansiosos, estamos vivenciando ai a “Ditadura da Beleza”, o sonho de se parecer com aquele modelo, aquela atriz.
Milhões de jovens estão se drogando. Não compreendem que as drogas podem queimar etapas da vida, leva-los a envelhecer rapidamente na emoção. Os prazeres momentâneos das drogas destroem a galinha dos ovos de ouro da emoção. Tenho e tive vários amigos usuários de drogas, até hoje não encontrei nenhum feliz, a não ser quando havia acabado de fumar, cheirar ou algo assim, pois é neste momento que para eles a vida fica mil maravilhas.
Hoje é visível ver tanto adulto, quantas crianças e adolescentes estressados. Tem-se freqüentemente dor de cabeça, fadiga constante do fundo emocional. Vamos assistir passivamente a indústria dos anti depressivos e tranqüilizantes se tornarem uma das mais poderosas armas do século XXI.
Deve-se enquanto há tempo mudar esta situação transformar as crianças, adolescentes e jovens em sonhadores e não em perdedores. Se você tiver um desejo semelhante faça o mesmo. Se não valorizarmos nossas raízes, não temos como suportar as intempéries da vida.
''Sou apenas um caminhante, que perdeu o medo de se perder. Estou seguro que sou imperfeito. Podem me chamar de louco. Podem zombar das minhas ideias. Não importa!
O que importa é que sou um caminhante que vende sonhos para os passantes. Não tenho bússula nem agenda. Não tenho nada, mas tenho tudo. Sou apenas um caminhante a procura de mim mesmo.''